Ex-NFL Campeão do Super Bowl Fatura US$ 10 milhões ao Ano com Sua Marca
- mapahauditoria
- 29 de ago.
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Rob Gronkowski apostou em sua personalidade extravagante para fazer de si mesmo uma marca vencedora

O Fox NFL Sunday é um dos mais tradicionais programas de TV dos Estados Unidos a transmitir os pré-jogos das partidas de futebol americano. Integrado por ex-estrelas da liga tais como Rob Gronkowski, Terry Bradshaw e Michael Strahan, que atuam como comentaristas, ele é assistido por milhões de telespectadores.
Em setembro, o tradicional sorriso descontraído de Gronkowski deu lugar a um lampejo de pânico quando Bradshaw e Strahan, além do restante da equipe, começaram a falar sobre Rich Russo, do Dallas Cowboys, um tight end –jogador ofensivo que bloqueia e recebe passes para sair em disparada– do time. Russo não era um nome familiar para Gronkowski, e sequer havia sido comentado na preparação para o pré-jogo.
Havia um bom motivo para isso. Não se tratava de um lapso de memória de Gronkowski, o tight end quatro vezes campeão do Super Bowl pelo New England Patriots e pelo Tampa Bay Buccaneers. Russo simplesmente não existia. Ele fazia parte de uma pegadinha elaborada para testar o novo integrante da equipe de comentaristas da Fox, que entrou em desespero tentando sair de uma conversa sobre algo que não fazia a menor ideia, ao acreditar que estava ao vivo.
“Parte de ser analista é saber enrolar um pouco”, disse Gronkowski, de 36 anos, com um sorriso. “Se você consegue fazer isso, está em boas mãos.”
É fácil ver Gronkowski como o alvo perfeito. Embora tenha construído uma carreira digna do Hall da Fama em suas 11 temporadas na NFL — com 92 recepções para touchdown e quase 9,3 mil jardas recebidas antes de se aposentar em 2022 —, ele passou boa parte desse tempo rotulado como o típico brutamontes. Para não iniciados no futebol americano: touchdown é a principal pontuação no futebol americano, valendo seis pontos, e a quantidade de jardas (cada uma equivale a 0,9144 metros) mede quanto um jogador conseguiu avançar contra o terreno do time adversário com a bola nas mãos. E a marca de Gronkowski é bastante significativa pela dificuldade em se fazer isso sem antes ser derrubado.
“As pessoas acham que ele é só um grandalhão das cavernas, mas, na verdade, ele pensa criticamente sobre tudo”, diz Julian Edelman, ex-companheiro de Patriots e parceiro de Gronkowski na produtora de podcasts Nuthouse Sports, com quem também coapresenta o Dudes on Dudes with Gronk and Jules. “Ele é muito cuidadoso. É detalhista. Não tem medo de fazer perguntas.”
E também não tem medo de bancar o bobo. Na verdade, é muito parecido com a lenda da NBA Charles Barkley, o ala-pivô que jogou basquete durante 16 temporadas na principal liga americana. Barkley aumentou sua popularidade ao abraçar de forma inteligente seus deslizes ocasionais e dominar aquele olhar de confusão. Já Gronkowski usou sua simpatia e seu jeito “simples”, como ele mesmo descreve, para construir uma das marcas pessoais mais valiosas entre atletas aposentados. Esse caminho o coloca em posição de superar com folga os quase US$ 71 milhões (R$ 387,6 milhões) que recebeu em salários e bônus como jogador da NFL.
Uma identidade milionária
Ao somar seus contratos de patrocínio com empresas como a seguradora USAA, a casa de apostas online FanDuel e a Monster Energy, junto com seu trabalho como comentarista na Fox e as participações em eventos como palestrante ou apresentador — incluindo o festival Gronk Beach em Las Vegas e o LA Bowl do futebol americano universitário, no sul da Califórnia —, a Forbes estima que Gronkowski fature pelo menos US$ 10 milhões (R$ 54,6 milhões) por ano com seus negócios, antes de impostos e taxas de agentes.
“As pessoas achavam que eu era só um atleta bobo e isso foi assim durante toda a minha vida”, ele diz. “Às vezes, eu demoro um pouco mais para entender as coisas, mas sempre sei o que está acontecendo ao meu redor. Então, eu entro nesse personagem de vez em quando — não sempre, mas quando é necessário.”
É verdade que essa persona não é totalmente uma atuação. Autointitulado “festeiro” na época da faculdade, na Universidade do Arizona, Gronk nunca hesitou em mostrar seu lado mais selvagem nos primeiros anos de NFL. Depois da derrota para o New York Giants no Super Bowl XLVI, em 2012, ele ficou famoso por ser visto festejando com seu grupo musical favorito, o LMFAO — nome que não poderia ser mais apropriado, já que, em tradução livre, a sigla seria algo como “rir para caramba” —, e certa vez encerrou uma entrevista pós-jogo para a ESPN brincando: “eu sou festa”, em espanhol.
Mas ele sempre entendeu que o sucesso dentro de campo poderia abrir outras portas. Gronk cresceu em Buffalo, Nova York, viu o então quarterback do Buffalo Bills, Doug Flutie, estampando uma caixa de cereal e pensou: “esse poderia ser eu um dia, se eu me tornar grande.”
Quando chegou a New England como escolha de segunda rodada no draft (seleção de jogadores) de 2010, Gronkowski decidiu guardar todos os seus pagamentos da NFL, que ele afirma nunca ter tocado. Em vez disso, viveu apenas com o dinheiro que conseguia através de patrocínios, começando com um adiantamento de marketing de US$ 50 mil (R$ 273 mil), dado por seu agente. Ajudou o fato de que levava uma vida frugal: US$ (1.500) R$ 8,1 mil por mês de aluguel, fazendo as refeições no centro de treinamento e bebendo de graça na região de Boston, um privilégio reservado aos jogadores mais populares dos Patriots.
Aqueles primeiros anos lhe ensinaram a pensar no longo prazo e a considerar fatores como com quem estava fazendo negócios, de que forma as empresas planejavam trabalhar com ele e como isso poderia impulsionar sua marca pessoal.
Um investidor por acaso
Desde que pendurou as chuteiras, ele só aumentou seu jogo, a ponto de, segundo ele, dizer que recusa pelo menos metade das oportunidades que aparecem. A Forbes estima que sua parceria com a FanDuel vale mais de US$ 1 milhão (R$ 5,46 milhões) por ano — seu maior contrato até o momento —, e a Fox transformou sua presença vibrante em uma constante na televisão, usando-o na transmissão das 500 Milhas de Indianápolis em maio, e tornando-o integrante fixo do programa pré-jogo da NFL neste mês, substituindo o aposentado Jimmy Johnson. “Você não precisa ser o maior fã de futebol americano para saber quem é o Gronk”, afirma Bill Richards, produtor executivo do Fox NFL Sunday.
Mas talvez a melhor lição que Gronkowski aprendeu durante sua carreira foi o poder da equidade. Em 2013, ele assinou um contrato com a marca de bebidas esportivas Bodyarmor, que incluía dinheiro e ações, apesar de não ter “a menor ideia” do que isso significava. Oito anos depois, quando a Coca-Cola comprou a Bodyarmor por US$ 5,6 bilhões (R$ 30,5 bilhões), Gronkowski já havia até esquecido de sua participação, mas ainda assim recebeu “alguns milhões de dólares” como pagamento. Ele marcou outra vitória depois que um ex-companheiro de Patriots o apresentou a um grupo de condomínios e estacionamentos, e também viu suas ações da Apple multiplicarem por dez desde que fez uma compra de US$ 69 mil (R$ 376,7 mil) em 2014.
Sem medo de perder
Desde então, ele expandiu seu portfólio com participações em vários negócios. A lista inclui a Recover 180, uma marca de bebidas esportivas lançada pelo cofundador da Bodyarmor, Lance Collins, e ainda numa startup californiana chamada Anivive Lifesciences, voltada a medicamentos para pets. Outro é o Ice Shaker, fundado por seu irmão Chris, que fabrica garrafas térmicas para shakes de proteína. A Ice foi destaque no programa Shark Tank, a ponto dos integrantes Mark Cuban e Alex Rodriguez concordarem em pagar US$ 150 mil (R$ 819 mil) por 15% da empresa.
Após o programa, Gronk comprou a parte de A-Rod (como é mais conhecido o ex-jogador de beisebol Alex Rodrigues), por três vezes esse valor porque, segundo ele, seu irmão é “implacável”. Ele também investiu na Greenlane, uma pequena rede de saladas e wraps com três unidades na Flórida, colocando mais de US$ 1 milhão (R$ 5,46 milhões) no negócio.
Neste ponto da carreira, ele diz que é “dinheiro extra agora, então vamos jogar o jogo. Tenho muito mais do que jamais poderia imaginar no começo, então agora posso ser mais ousado e ter dinheiro para comprar um iate”, comenta, dando mais uma risada. “Posso perder metade e ainda estar tranquilo — mas não vou perder metade.”




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