Após Atingir o Menor Valor do Ano na Véspera, Dólar Volta a Subir; Ibovespa Fecha em Baixa
- mapahauditoria
- 15 de ago.
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O anúncio do plano de ações para apoiar setores afetados pela tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros não provocou muitas movimentações no mercado cambial

O Ibovespa encerrou a quarta-feira (13) em queda de 0,88%, aos 136.704,65 pontos, em movimento de ajuste após atingir, na véspera, o maior patamar em cerca de um mês. As ações de varejo ficaram entre as principais quedas do dia, pressionadas por dados fracos do setor, enquanto a MRV&Co (6,63%) avançou após divulgar sinalizações positivas sobre margens e o guidance para 2025.
Antes dos ajustes finais, o volume financeiro somava R$ 20,3 bilhões, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e de contrato futuro do índice.
De acordo com o IBGE, as vendas no varejo brasileiro recuaram 0,1% em junho na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de incremento de 0,7% e após quedas de 0,4% em maio e 0,3% em abril. Ante o mesmo mês de 2024, houve alta de 0,3%, contra expectativa de avanço de 2,4%.
De acordo com o economista Bruno Martins, do BTG Pactual, os números mostram uma forte contração nos segmentos cíclicos de comércio, refletindo condições de crédito mais apertadas. “Os dados confirmam nossa visão de uma desaceleração acentuada da atividade econômica já no segundo trimestre de 2025, adicionando um risco de baixa à nossa projeção de crescimento do PIB, de apenas 0,2% na comparação trimestral, com ajuste sazonal”, acrescentou.
O noticiário local também contou com o anúncio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de um plano de ações para apoiar setores afetados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que inclui R$ 30 bilhões em crédito.
=No exterior, o sinal positivo prevaleceu em Wall Street, onde o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, encerrou com acréscimo de 0,32%, em uma nova máxima de fechamento, refletindo apostas de que o Federal Reserve está perto um ciclo de afrouxamento monetário.
Câmbio
Já o dólar fechou em leve alta de 0,28%, cotado a R$ 5,40. O movimento recuperou parte da forte queda da véspera, mas operou em faixa estreita após o anúncio do plano de contingência para empresas afetadas pela tarifa de 50% dos Estados Unidos — medida que não trouxe grandes surpresas ao mercado.
Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o câmbio segue contido, dividido entre fatores externos e incertezas internas. No exterior, o dólar perde força com as apostas de corte de juros nos EUA e a leitura mais favorável do índice de preços ao consumidor (CPI), enquanto a queda das commodities limita a valorização do real. No Brasil, as atenções se voltam ao pacote de apoio a exportadores. “A percepção de fragilidade nas contas públicas mantém o clima de cautela, deixando a moeda brasileira sensível tanto às decisões do Federal Reserve quanto à confiança na política econômica doméstica”, afirma o especialista.
As atenções dos investidores nesta sessão estiveram voltadas novamente para o impasse comercial entre Brasil e EUA. Além do presidente Lula ter assinando a medida provisória para ajudar exportadores, haverá aportes de R$ 4,5 bilhões em diferentes fundos garantidores e até R$ 5 bilhões em créditos tributários a exportadores, informou o Palácio do Planalto.
Das despesas previstas, R$ 9,5 bilhões devem ficar fora da contabilidade da meta fiscal. O plano de ajuda era amplamente esperado pelo mercado, tanto por conta do potencial de proteger o setor produtivo como pelas preocupações com o impacto fiscal das medidas. Agentes financeiros temiam que o pacote pudesse comprometer as metas para as contas públicas.
No entanto, a medida não destoou do que já vinha sendo antecipado por autoridades envolvidas no assunto, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin. O próprio Lula já havia sinalizado o valor da linha de crédito em entrevista na terça-feira (12).
om isso, o anúncio do pacote não gerou muitas movimentações no mercado cambial ao longo do dia. Por outro lado, o mercado segue receoso com a perspectiva para negociações entre Brasil e EUA, uma vez que o governo brasileiro parece não conseguir abrir canais de diálogo com Washington.
Uma conversa entre Haddad e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, antes agendada para esta quarta-feira, foi cancelada pelo governo dos EUA. O governo busca ampliar a lista de isenções já concedidas pelo presidente Donald Trump a uma série de produtos.
Na máxima do dia, o dólar atingiu R$ 5,4104 (+0,45%), às 12h55. Na mínima, a moeda alcançou R$ 5,3804 (-0,11%), às 9h36. Os ganhos da divisa norte-americana neste pregão se seguiram a uma perda de 1,06% na véspera, quando atingiu seu menor valor desde junho do ano passado, a R$ 5,3864.
A valorização recente do real está atrelada a uma onda de fraqueza global do dólar, na esteira do aumento das apostas de que o Federal Reserve vai cortar a taxa de juros já em seu próximo encontro, em setembro, após dados fracos de emprego e números moderados de inflação.
Destaques
– CVC BRASIL ON desabou 10,78% em meio à análise do balanço do segundo trimestre, que mostrou prejuízo líquido ajustado de R$15,9 milhões. O Ebitda ajustado somou R$92,3 milhões. A analistas, o CEO estimou um impacto maior da falta de oferta de navios de cruzeiros no segundo semestre, mas um cenário aéreo mais favorável.
– GPA ON despencou 10,56%, tendo também como pano de fundo renúncia de Fréderic Garcia ao cargo de diretor de Negócios, responsável pela operação do formato de proximidade e de negócios especializados. Após transição, Geraldo Monteiro, diretor de Operações, hoje responsável pelas operações das bandeiras Pão de Açúcar e Extra Mercado, assumirá a função.
– PETZ ON perdeu 5,91%, em dia bastante negativo para o setor de varejo como um todo, após números do IBGE mais fracos do que as expectativas sobre as vendas no comércio no país. ASSAÍ ON fechou em em queda de 4,98% e MAGAZINE LUIZA ON caiu 4,27%, também na ponta negativa.
– MRV&CO ON avançou 6,63%, mesmo após divulgar prejuízo líquido ajustado de R$774,7 milhões no segundo trimestre, pressionado pela subsidiária norte-americana Resia. Analistas chamaram a atenção para uma visão otimista da construtora para 2025 na teleconferência sobre o balanço. Na mínima, nos primeiros negócios, os papéis caíram quase 5%.
– VALE ON fechou com variação negativa de 0,38%, tendo como pano de fundo a estabilidade do preço do contrato de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, que fechou a sessão desta quarta-feira em 795 iuanes (US$110,79) a tonelada.
– PETROBRAS PN caiu 0,75%, em meio à fraqueza do petróleo no exterior, onde o barril do Brent cedeu 0,74%. Analistas do Citi reiteraram recomendação neutra para a ação, avaliando que pode ser uma boa opção de ‘carry’ entre as ações brasileiras, devido ao “anúncio resiliente de dividendos”, enquanto veem negativamente o aumento de capex no ano.
– BANCO DO BRASIL ON mostrou acréscimo de 0,21%, descolada do viés negativo dos bancos no Ibovespa, tendo no radar o balanço do segundo trimestre previsto para quinta-feira, após o fechamento do mercado. Além do desempenho do período, também potenciais novidades relacionadas ao guidance do ano estão no radar após suspensão de algumas previsões.
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